segunda-feira, 17 de outubro de 2011

epemerese gravídica

Sinto que ao engravidar perdi a capacidade de "deixar pra lá", não existe mais o "esse assunto fica pra depois". Eu tenho sonhos estranhos, com pessoas do passado, situações as quais achei que estavam sob controle, "ao passado o que é passado". Mas de alguma maneira ao tentar esquecer ou deixar pra depois qualquer desses assuntos, os enjôos pioram, e muito. Fico de cama, vomitando tudo que como, e quase que instantaneamente passo a me questionar sobre minha capacidade em me tornar mãe, minha capacidade de agüentar situações em que não tenho controle e manter a calma. Assim como deve agir uma boa mãe.
Vômitos intensos e incontroláveis me tomam, lembrando a personagem do "Exorcista". Seria incrível poder resolver tudo isso chamando um padre, já que os médicos conseguem apenas fazer o diagnóstico, o qual me causa mais náusea: “epemerese gravídica”. O nome ressoa em meus ouvidos a cada jato de vomito que sai de mim. Me lembro da minha mãe segurando minha testa em frente a privada dizendo que já vai passar, me servindo chá com torradas e soro pra repor os nutrientes. Me lembro das sopas que minha avó mandava pelo meu pai no final da tarde. Aquelas sopas curavam tudo, nenhum remédio neste mundo tem esse poder, e eram deliciosas, nutria o corpo e alma.
Não tenho mãe pra segurar a testa há quase 19 anos, e nem mais avó pra mandar sopa, mas inadvertidamente esta gravidez me fez voltar a me sentir como aquela menina que precisa de todos os cuidados que só elas poderiam dar.

Um comentário:

  1. Acho que essa sensação de 'menina que precisa de cuidados' é algo que vai passar, a medida em que você se acostumar com a ideia de 'ser mãe'...

    ResponderExcluir